Por Paula Selmi
A deterioração da economia, a limitação a linhas de crédito, o aumento no número de distratos e as recentes execuções de credores impediram a continuidade operacional da Viver, fazendo com que o pedido de recuperação judicial fosse a única alternativa no momento para a companhia.
Em documento enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a incorporadora e construtora listou os motivos de sua crise financeira e as causas da sua situação patrimonial, alegando principalmente as mudanças macroeconômicas no Brasil e a dificuldade de pagar sua dívida de cerca de R$ 1,4 bilhão.
No cenário macroeconômico, a Viver cita a “drástica” redução na demanda, que comprometeu todo o setor de construção civil e do mercado imobiliário, reduzindo receitas do grupo e impossibilitando o pagamento pontual de seus compromissos.
Além disso, segundo a companhia, o aumento do desemprego e a escassez de crédito fizeram com que muitos contratos ficassem inadimplentes, prejudicando o caixa da incorporadora. A porcentagem de carteiras de crédito com atraso superior a 90 dias no Brasil passou de 3,7% em janeiro de 2015 para 4,1% em julho de 2016, segundo dados do Banco Central usados pela Viver para ilustrar a situação.
A deterioração da condição de crédito dos consumidores brasileiros, por sua vez, aumentou o número de distratos de unidades vendidas no setor, que passou de uma porcentagem de 34,6% em dezembro de 2015 para 45,2% em junho de 2016. Os dados são da Abrainc e Fipe.
Os lançamentos de projetos das incorporadoras também apresentaram forte redução no país. Foram 57 mil unidades lançadas em junho de 2016 contra 76 mil em dezembro de 2014.
Diante de todos esses fatores, o fluxo de caixa da empresa seguiu uma tendência negativa, alcançando hoje R$ 19 milhões. A Viver prevê ainda que seu fluxo de caixa fique negativo nos próximos 12 meses se não tiver o auxílio da recuperação judicial. A projeção para agosto de 2017 é de um fluxo de caixa negativo em R$ 369 milhões.
Com uma dívida de cerca de R$ 1,4 bilhão e um resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recorrentemente negativo, a Viver adotou ao longo dos anos diversas medidas para redução de custo, mas que não surtiram o efeito desejado.
A Viver conclui o comunicado dizendo que, se tiver o pedido deferido, conseguirá negociar com seus credores novas formas e prazos de pagamento da dívida e retornar à curva de crescimento e criação de valor.
Fonte: Valor Econômico