Por Álvaro Campos
Após o fracasso na venda da Braskem para a LyondellBasell, aumentaram as chances de que a Odebrecht entre com um pedido de recuperação judicial. Se isso de fato ocorrer, será negativo para os principais bancos do país, que têm quase R$ 40 bilhões em exposição à companhia, segundo análise da Moody’s.
A agência de rating aponta que, entre os bancos que seriam mais afetados, estão Banco do Brasil, Caixa, BNDES, Bradesco, Itaú e Santander Brasil. “Se a Odebrecht entrar com pedido de recuperação judicial, os credores provavelmente enfrentariam um longo processo litigioso para recuperar parte desses créditos”, diz a Moody’s.
O relatório explica que a recuperação judicial pode desacelerar ou interromper a geração de receita da Odebrecht e, assim, prejudicar a capacidade da companhia de pagar suas dívidas. A Moody’s afirma que, nesse cenário, os bancos podem ser obrigados a constituir novas provisões e registrar um aumento nos índices de inadimplência.
A agência de rating lembra que o envolvimento da Odebrecht na Lava Jato teve início há quase quatro anos e que, nesse período, os bancos brasileiros reduziram a exposição ao grupo e aumentaram as provisões e garantias dos financiamentos. Apesar de o Banco Central não ter uma regra específica para provisões de créditos de empresas que entram em recuperação judicial, a Moody’s aponta que a maioria dos bancos é conservadora nesses casos e adota provisões para pelos menos 30% dos créditos.
“Mesmo em um cenário extremamente pessimista, no qual as provisões cubram apenas 30% do risco total da Odebrecht e um impairment da exposição restante seja exigido, as despesas adicionais reduziriam de 10,4% para 9,85% o índice combinado de ativos tangíveis em relação aos ativos ponderados pelo risco desses seis bancos”, aponta o documento.
Fonte: Valor Econômico