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Eternit pede fim da recuperação judicial

Fabricante de telhas de fibrocimento estava no processo desde 2019, após proibição do uso de amianto no Brasil

A fabricante de telhas Eternit anunciou nesta quarta-feira (18) seu pedido de encerramento da recuperação judicial. Isso foi feito juntamente com um pedido de homologação de modificação no plano, que tinha sido aprovado em 2019.

A empresa entrou com um termo de adesão que muda a forma de pagamento dos credores concursais trabalhistas. A resolução dessa parte dos credores era o que faltava para que a Eternit conseguisse encerrar o processo.

Em votação com os credores, foi aprovada uma opção para que credores trabalhistas (chamados de classe 1) que têm acima de R$ 250 mil para receber sejam pagos como credores da classe 3, com recursos vindos de venda de ativos. Ainda há também a opção de conversão em ações. Nesse caso, foi aprovado um deságio mínimo de 20% sobre o valor a ser apurado na chamada de capital.

“Procuramos desenvolver alternativa que cria condições mais favoráveis às originais e ao mesmo tempo preserva a estrutura de ativos e destinação de caixa originalmente previstas no plano de recuperação judicial”, afirmou o diretor-financeiro da companhia, Vitor Mallmann.

A proibição do uso de amianto no Brasil, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2017, foi o fator que desencadeou a recuperação, lembram Mallmann e Paulo Roberto Andrade, presidente da Eternit. O pedido de recuperação judicial foi feito no início de 2018.

Procuramos alternativa que preserva a destinação de caixa prevista no plano” — Vitor Mallmann

Naquele momento, a mina do mineral crisotila (amianto) da Eternit, em Goiás, teve sua operação paralisada. Ela foi retomada posteriormente, somente para atender as exportações. Sem poder usar a crisotila, a Eternit teve que substitui-la por uma fibra sintética, o polipropileno, que havia começado a produzir em sua fábrica em Manaus.

“Tivemos um nível muito grande de problemas na área industrial, a performance caiu muito em termos de produção e qualidade, 2018 foi um ano bem difícil”, afirma Mallmann. Segundo Andrade, o pedido de recuperação foi “preventivo”, porque a empresa era muito dependente da crisotila.

A companhia passou então por um período de adaptação ao insumo sintético, com reorganização estrutural. No primeiro semestre, a venda de crisotila foi responsável por 31% da receita da Eternit, que produz telhas de fibrocimento e concreto.

A empresa aguarda agora a apreciação do pedido de término da recuperação. Mallmann afirma estar otimista com o desfecho, porque o termo de adesão contou com o apoio da maioria dos credores. O processo de reestruturação foi realizado pelo escritório Íntegra Associados.

O fim da recuperação vai facilitar a obtenção de financiamento para a companhia e torná-la mais atraente para acionistas e possíveis fusões e aquisições, afirmam os executivos. Também facilita a gestão dos ativos da empresa. “Dependemos de aprovação do juiz para fazer qualquer coisa, como vender carro antigo ou equipamentos obsoletos”, conta Andrade. “Com a saída, tudo fica mais fácil”.

A empresa entrou em recuperação judicial com dívida de R$ 250 milhões. Hoje, segundo Mallmann, o maior credor é o Banco da Amazônia, com dívida de R$ 28 milhões. As ações da Eternit subiram 5,66% nesta quarta, cotadas a R$ 8,03. Foi a segunda maior alta do dia na B3.

Fonte: Valor Econômico

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