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Em meio a recuperação judicial, Azul reverte prejuízo e registra lucro líquido de R$ 1,29 bilhão no segundo trimestre

A Azul Linhas Aéreas reportou lucro líquido de R$ 1,29 bi no segundo trimestre de 2025, revertendo o prejuízo de R$ 3,5 bilhões no mesmo período no ano passado. A receita operacional da companhia ficou em R$ 4,9 bilhões, um aumento de 18% na comparação com o segundo trimestre de 2024.

Em termos ajustados, porém, a Azul registrou prejuízo líquido de R$ 475,8 milhões, queda de 29% em relação às perdas de R$ 669,7 reportadas um ano antes.

A empresa registrou Ebitda (Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) de R$ 1,1 bilhão, alta de 8,6% na comparação anual. Além disso, a empresa encerrou o trimestre com liquidez imediata de R$ 3,3 bilhões.

A companhia passa por uma recuperação judicial nos Estados Unidos desde maio. A reestruturação da empresa prevê US$ 1,6 bilhão em financiamento e até US$ 950 milhões em novos aportes de capital. Em coletiva após o resultado, o diretor financeiro da Azul, Alexandre Malfitani, o processo de recuperação “vai aumentar e muito a geração de caixa” da empesa.

— O Chapter 11 (nome dado ao processo de recuperação judicial nos EUA) é, acima de tudo, para manter o caixa (gerado) conosco, em vez de deixar escapar em pagamento de dívida ou em aluguel de aeronave — afirmou.

Nesta terça-feira, a Azul anunciou ter obtido a aprovação em tribunal dos EUA de um acordo com a empresa AerCap e para a rejeição de diversos contratos de arrendamento. Segundo comunicado, o pacto com a AerCap, maior arrendadora e responsável pela maioria das aeronaves e obrigações de leasing da Azul, pode render mais de US$ 1 bilhão em economia para a empresa brasileira.

De acordo com o CEO da empresa, John Rodgerson, o processo de reestruturação está andando “muito rápido”. Ele também relembrou que a Azul deve apresentar o plano completo de reorganização da empresa perante tribunal.

Em outro movimento relacionado à sua reestruturação, a Azul deixou de operar em 14 cidades em todas as regiões do país na última terça-feira. Delas, 13 só tinham voos comerciais de passageiros pela empresa e, agora, ficarão sem opções, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

De acordo com Rodgerson, o movimento já havia sido anunciado anteriormente e que “algumas bases não fazem sentido” para se manter voos. Além disso, sinaliza que alguns fechamentos serão sazonais, podendo voltar a ser abertos em outras épocas do ano.

— Sempre estamos olhando isso. Sempre vamos adicionar, tirar (voos da malha aérea) — afirmou. O executivo mencionou também que a empresa também planeja investir mais em Porto Alegre no futuro.

Problemas com ‘judicialização excessiva’

Um dos desafios mencionados pelos executivos para a empresa é a “judicialização excessiva”. Segundo Fabio Campos, vice-presidente institucional e corporativo da Azul, a grande quantidade de processos que as companhias aéreas enfrentam no Brasil segue prejudicando e é “fator decisivo” para saber se é viável seguir operando em uma cidade.

Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (ABEAR) divulgados no ano passado, somente de 2020 a 2023, o número de processos contra companhias aéreas aumentou, em média, 60%.

— Os processos judiciais aumentaram brutalmente nos últimos anos — afirmou Rodgerson. Ainda de acordo com o CEO, o número grande de processos pode encarecer as passagens aéreas e prejudicar o consumidor final.

Nesta quinta-feira, representantes das principais empresas aéreas brasileiras, Gol, Latam e Azul, além de Juliano Noman, presidente da ABEAR, irão se reunir com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a fim de discutir os panoramas do setor.

De acordo com Rodgerson, que irá à reunião, o encontro deve tratar sobre a “judicialização excessiva”, além de outros temas pertinentes para as empresas, como o desafio de obtenção de crédito. Em agosto do ano passado, o governo aprovou um pacote de crédito de R$ 4 bilhões para socorrer as companhias aéreas.

O crédito, no entanto, só deve começar a ser liberado no fim de setembro, com pelo menos um mês de atraso em relação ao cronograma inicialmente previsto em abril. As empresas com participação superior a 1% do mercado doméstico de passageiros poderão tomar empréstimo de até R$ 1,2 bilhão. Abaixo desse percentual, o valor é de até R$ 200 milhões.

No total, a nova linha vai ofertar às aéreas R$ 4 bilhões em recursos do Fundo Nacional da Aviação Civil (Fnac). Os empréstimos serão realizados pelo BNDES.

Fonte: O Globo

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