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Corte dos EUA mantém pedido de recuperação judicial da Avon

A Corte de Delaware rejeitou o pedido de um comitê de credores para cancelar o processo de proteção judicial (“Chapter 11”) da Avon Products Inc (API) nos Estados Unidos. A audiência que avaliou a objeção do Comitê de Credores sem Garantias (UCC, na sigla em inglês) ocorreu na quarta-feira (20), um dia após a data prevista para o leilão dos ativos operacionais da empresa, que acabou sendo cancelado pela falta de competidores.

Com isso, o cronograma inicial de decisões da Corte fica mantido, como originalmente previsto, e a Natura &Co, que era a controladora da API até o início do processo do “Chapter 11”, é considerada vencedora dos ativos da Avon fora dos EUA, com uma oferta de US$ 125 milhões.

A conclusão da compra dos ativos depende, contudo, da finalização do processo contra credores e da obtenção de aprovação do comitê em relação ao acordo de quitação recíproca (“9019 settlement”). As datas para as audiências finais do processo foram mantidas para os dias 2 a 4 de dezembro.

No último dia 15, o comitê de credores pediu que o processo de “Chapter 11” fosse suspenso, sob o argumento de que a API não passa por dificuldades financeiras imediatas e que não havia “propósito falimentar válido”. A objeção afirmava ainda que o processo foi protocolado para extinguir passivos de talco em benefício da Natura, após diversas condenações relacionarem o produto para bebês ao desenvolvimento de câncer.

O comitê também havia questionado reuniões da Natura &Co, desde abril, com uma gestora brasileira de private equity (que compra participação de empresas) para a venda dos ativos.

Em relatório ontem, os analistas do Santander avaliam que, embora essas negociações “levantem questões de transparência e boa-fé”, estão de acordo com a “intenção estratégica já declarada em relação ao desinvestimento da Avon Internacional, e sugere oportunidades de saída viáveis após a resolução dos passivos envolvendo produtos de talco”.

Já a Natura &Co afirmou ao Valor, por meio de nota, que “vê mérito na separação da Avon e avalia possíveis cenários e alternativas estratégicas para o futuro da companhia na hipótese de conclusão de sua aquisição no âmbito processo de ‘Chapter 11’ da API”.

Os analistas do Santander afirmam ainda que os desdobramentos do processo na última semana “adicionaram complexidade” à recuperação judicial da API, mas mantiveram uma perspectiva positiva para a Natura &Co diante do processo.

Antes do cancelamento do leilão na terça-feira (19), analistas de mercado já indicavam a Natura &Co como favorita para o certame e indicavam a continuidade do processo de recuperação judicial. Um relatório da XP havia apontado como “improvável” que o juiz interrompesse o processo de proteção contra credores da API, pois os argumentos da moção eram semelhantes aos já apresentados em uma audiência em setembro.

Os ativos da API integravam o balanço da holding de beleza até o segundo trimestre deste ano. A Natura concluiu em janeiro de 2020 a compra da Avon, criando a quarta maior empresa de cosméticos global à época. Os trimestres seguintes foram marcados por um desempenho ruim da Avon Internacional, com queda de vendas e perda de rentabilidade, parcialmente atribuída pela companhia à covid-19.

Embora a Natura&Co tenha afirmado diversas vezes que a API era uma subsidiária não-operacional, o início do processo em Delaware acarretou a exclusão dos números da Avon Internacional do balanço da companhia.

Nos relatório de resultados do terceiro trimestre, a divisão de negócios que incluía 40 mercados globais, como Reino Unido, Filipinas e Polônia, passou para a linha de operações descontinuadas. Já as operações da Avon na América Latina, que estão passando por um processo de integração com a marca Natura desde 2021, seguem compondo a Natura &Co Latam – única divisão de negócios da holding ao final do terceiro trimestre deste ano.

Os balanços recentes da companhia também eram compostos pela Aesop, marca de luxo que foi vendida à L’Oréal, e pela The Body Shop, adquirida pela gestora Aurelius por um quinto do valor que a Natura &Co pagou pela aquisição em 2017. No terceiro trimestre, a Natura &Co registrou prejuízo líquido de R$ 7 bilhões, revertendo o lucro de R$ 6,7 bilhões do mesmo intervalo de 2023.

Fonte: Valor Econômico


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