Por Fernanda Pressinott
O Mataboi Alimentos, controlada pela JBJ Agropecuária, chegou ao fim de seu processo de recuperação judicial. O pedido foi feito há seis anos, resultado de dificuldades de renegociação de dívidas com bancos e fornecedores. Mas no fim de 2014, a JBJ Agropecuária, do empresário José Batista Júnior, irmão de Joesley e Wesley Batista, adquiriu o Mataboi e assumiu uma dívida de R$ 480 milhões, o que facilitou a retomada.
Segundo a companhia, a chegada da JBJ permitiu uma reestruturação nos negócios, com ganhos comprovados de eficiência. De acordo com nota assinada por Augusto de Carvalho Junior, diretor presidente do Mataboi, o empresário Batista Júnior – conhecido como Júnior Friboi – “deu nova vida à empresa em termos de profissionalização da gestão”.
Ele acrescentou que a JBJ propiciou o aumento da participação do Mataboi no mercado internacional, já que a empresa conseguiu habilitações para exportar para mais países. “Com a alta do dólar, houve crescimento no volume de carne exportada. Atualmente, cerca de 70% da produção é destinada ao mercado internacional”, contou o presidente.
Apesar do fim da recuperação judicial, o Mataboi ainda tem pela frente: dois julgamentos no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade): um sobre a própria aquisição pela JBJ e outro que apura a participação de Júnior Friboi em um suposto cartel de compra de boi.
Na sexta-feira passada, a Superintendência Geral (SG) da autarquia recomendou a condenação de José Batista Junior por “formação de cartel no mercado da compra de gado bovino para abate nos Estados de Mato Grosso,Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo”, em um esquema que envolveu diversos frigoríficos.
Com a recomendação, o caso será sorteado para um dos sete conselheiros do Cade, que decidirá sobre a questão. Não há prazo para isso. O caso está no Cade desde 2006.
No que diz respeito à aquisição pela JBJ, a autarquia tem até novembro para dar o aval à transação. A dúvida é se JBJ e JBS, controlada pela holding de Wesley e Joesley – atualmente presos -, agem ou não de forma coordenada.