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Com proposta de compra da IG4, Rio Alto busca alternativa a recuperação judicial até sábado

A Rio Alto, empresa de energias renováveis, tem até o fim desta semana para conseguir um acordo com credores e evitar uma recuperação judicial, segundo fontes. No sábado (5) deverá vencer uma liminar que hoje impede a execução de dívidas da companhia, estimadas em cerca de R$ 2,2 bilhões.  Uma das opções na mesa é uma proposta de compra da IG4 Capital, mas que tem sido rechaçada pelos donos e ao menos por parte da base de credores, afirmam pessoas a par do tema. 

 Hoje a empresa não tem caixa para pagar suas dívidas e, além dos compromissos financeiros, tem também por volta de R$ 400 milhões em investimentos que precisam ser feitos nos projetos contratados, diz uma fonte. 

 A empresa já vem com problemas financeiros ao menos desde o ano passado, quando deixou de ter caixa para pagar seus vencimentos. Desde o começo do ano a gestora especializada em investimentos em situações especiais Latache, que vem comprando dívida da Rio Alto desde 2024, tem tentado aprovar o vencimento antecipado. 

 A companhia obteve uma liminar judicial no fim de fevereiro, para suspender ações e execuções contra a empresa. Na decisão, o juiz também suspendeu o processo de desligamento junto à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e impediu a rescisão dos contratos junto ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), para que a empresa siga conectada ao sistema nacional de linhas de transmissão. 

Desde então, a medida vem sendo prorrogada, em meio a um processo de mediação que foi aberto pela empresa. 

Em paralelo, a IG4 vem negociando há meses a compra do negócio e já teria um acordo com parte dos credores, mas os acionistas Edmond Farhat e Rafael Brandão não teriam concordado com a proposta. 

A oferta da gestora, ainda segundo fontes, é injetar R$ 230 milhões na companhia e realizar um financiamento de mais R$ 60 milhões na modalidade DIP (“debtor-in-possession”, na sigla em inglês), que garante quitação preferencial. A maior parte dos recursos seriam destinados a concluir os parques geradores em construção, para atender metas da agência reguladora, e honrar compromissos com o Banco do Nordeste (BNB).  

No entanto, o corte da dívida embutida, o chamado “haircut”, não agradou, disse uma fonte próxima da empresa. Pela proposta, ao grupo de debenturistas, por exemplo, que carrega uma dívida de aproximadamente R$ 800 milhões, o corte seria da ordem de 85%. Outro ponto que gerou indignação, disse uma fonte, seria o fato de a proposta prever um pagamento de R$60 milhões aos sócios atuais. “Eles sairiam com R$ 60 milhões no bolso depois de dar um calote de R$ 700 milhões”, disse uma das fontes que falou na condição de anonimato. 

 O contraponto de um eventual pedido de recuperação judicial, disse uma fonte, seria o BTG Pactual, que estaria mais inclinado a aceitar a proposta do IG4. Isso porque o banco possui em garantia ao empréstimo um ativo da companhia, ou seja, se trata de um credor sênior. Em um cenário de recuperação judicial, ele perderia essa preferência. 

 No fim de abril a agência de classificação de riscos Fitch rebaixou o “rating” da Rio Alto para “D”, de forma a refletir o crédito inadimplido. 

 Em 2024, a companhia registrou receita operacional líquida de R$ 196 milhões, mas um prejuízo líquido consolidado de R$ 450,3 milhões, agravando o resultado negativo de R$ 137 milhões que já havia sido registrado no ano anterior. 

Procurados, representantes da Rio Alto preferiram não se manifestar. O Banco do Nordeste também não se manifestou até o momento. 

 Fonte: Valor Econômico

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