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Com outros sócios, Coesa dá início a nova recuperação judicial bilionária

Empresa formada a partir de ativos da OAS precisa recorrer a proteção judicial; dívida é da ordem de R$ 4 bilhões

A Coesa, grupo que surgiu a partir da aquisição de ativos da antiga OAS, iniciou uma nova recuperação judicial, com sete empresas. O pedido foi protocolado em 15 de outubro e aceito pela Justiça no dia 22. O valor exato da dívida a ser reestruturada ainda não foi definido. Na petição inicial, a previsão é de R$ 4,49 bilhões, mas o montante ainda passará por avaliação.

O pedido de proteção contra pedidos de falência foi necessário para renegociar dívidas não solucionadas na recuperação judicial do grupo OAS, que durou de 2015 a 2020. Três das sete empresas incluídas no novo processo da Coesa já haviam sido alvo da reestruturação anterior – a Construtora OAS, a OAS Investments e a OAS Finance.

Porém, mesmo após o encerramento do processo, restou um crédito de cerca de US$ 135 milhões (equivalente a R$ 749 milhões, na cotação atual), que não havia sido incluído na renegociação da OAS, por ter sido considerado extraconcursal (ou seja, não sujeitos ao plano de recuperação judicial). Com o fim da reestruturação do grupo, a dívida passou a ser cobrada pelos credores.

Outros fatores que levaram à necessidade de uma nova renegociação foram os impactos da pandemia sobre o setor de construção, além da paralisação de obras importantes para a Coesa – especialmente a do Rodoanel Norte, em São Paulo, cujo contrato foi rescindido pelo governo paulista. A estimativa é que rescisões contratuais geraram perdas de mais de R$ 180 milhões, segundo a petição inicial protocolada.

Além disso, o grupo sinalizou, em seu pedido, que deverá aproveitar as recentes inovações da lei de recuperação judicial para reestruturar seus passivos fiscais – algo que antes não era permitido.

Questionada pela reportagem sobre como planeja se reestruturar, a Coesa sinaliza que o caminho será também buscar novos contratos no setor de construção e engenharia. “A OAS tinha um corpo de executivos experientes, capacitação técnica e uma operação enxuta. Sua aquisição faz a Coesa nascer como um dos principais grupos do setor. Os acionistas acreditam que, após a realização de ajustes, terão uma empresa em condições de disputar projetos importantes e voltar a crescer”, disse, em nota.

As empresas que compõe a Coesa foram adquiridas em maio de 2021 pelo Fundo de Investimento em Participação (FIP) Zegama, criado especificamente para a operação. Os investidores do fundo são ex-executivos da OAS, que decidiram comprar os ativos que não eram mais de interesse do grupo, hoje chamado Metha. Entre eles, estão projetos do setor imobiliário e contratos de infraestrutura internacionais.

O grupo Coesa possui hoje 50 projetos de infraestrutura em curso, com receita estimada em R$ 3 bilhões, segundo o relatório do processo judicial.

Fonte: Valor Econômico

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