Mas, como plano da empresa mudou, não deverá haver votação
A assembleia geral de credores sobre o plano de recuperação judicial da Atvos, braço sucroalcooleiro da Odebrecht, foi marcada pela Justiça para ocorrer de forma virtual no dia 17 de abril, mas não deverá resultar em votação. Isso porque houve alterações significativas quanto ao plano anterior, como a previsão de troca de controle, que poderá ocorrer tanto através de uma aquisição por um ou mais compradores, da abertura de capital ou mesmo por meio da subscrição de bônus por parte dos credores que optarem por ficar com debêntures do grupo com participação nos lucros (DPL).
Com o agendamento de uma assembleia não deliberativa, a Odebrecht evita que o plano da Atvos seja aprovado antes do seu próprio, o que só deverá ocorrerá no dia 22. O nova data da assembleia da Atvos foi estabelecida no sábado pelo juiz da recuperação, João de Oliveira Rodrigues Filho, e oficializada em edital do administrador judicial Alvarez & Marsal, publicado ontem.
Pelo novo plano, protocolado no dia 1º, a Atvos poderá buscar compradores e trocar de controle até 31 de março de 2022, quando termina a safra sucroalcooleira 2021/22. Se a venda da companhia tiver sido concluída até lá, metade de sua dívida financeira será convertida em debêntures. Essa conversão também poderá ocorrer a qualquer momento, conforme decisão dos credores. Caso a aquisição da Atvos não tiver sido concluída até o fim da próxima safra, a empresa terá que emitir as debêntures, que darão direito a bônus de subscrição para os credores financeiros, entre os quais bancos e os fundos LoneStar e Castlelake.
O plano prevê, ainda, que os compradores do controle da NewCo (companhia que será criada e detida pela Atvos Agroindustrial) também receberão debêntures conversíveis em ações da Atvos (chamada de “tranche acionista”), de forma que os acionistas terão 10% da dívida financeira convertida em debêntures.
A Atvos corre para garantir a aprovação de seu novo plano enquanto sofre com a restrição de caixa causada pela crise decorrente da pandemia de coronavírus. A crise tem tido duros reflexos para a companhia, que tem flexibilidade irrisória para reduzir sua exposição ao etanol, mais afetado que o açúcar ante o tombo do petróleo e o derretimento da demanda. Responsável por 10% da produção de etanol do Centro-Sul, a Atvos pode direcionar até 6% de sua cana para o açúcar, enquanto a média do Centro-Sul chega a 50%.
Outra pressão que a companhia vem sofrendo é a retenção dos recebíveis de energia por parte de credores extraconcursais, de R$ 40 milhões ao mês, que ocorre desde o início do ano. A liberação só deve ocorrer com a aprovação do plano.
Fonte: Valor Econômico