Por Camila Souza Ramos | Valor
SÃO PAULO – A Agropecuária Sementes Talismã, fornecedora brasileira de sementes de soja com tecnologia da Bayer e da Monsanto, entrou com pedido de recuperação judicial na 12ª Vara Cível da Comarca de Goiânia na última sexta-feira com uma dívida atrasada de mais de R$ 180 milhões, valor que supera todo seu faturamento do ano passado.
A companhia argumentou, em nota, que foi afetada por quebras de safra em 2012/13 e em 2014/15, tomando dívidas para cobrir seus resultados. O endividamento também cresceu em decorrência de financiamentos a “diversos grandes investimentos”, segundo a Talismã.
A situação se agravou nos últimos dois anos, quando suas vendas e seu faturamento caíram quase pela metade. Em 2017, a empresa vendeu 260 mil sacas de sementes e teve uma receita de R$ 100 milhões, enquanto em 2015 as vendas foram de 500 mil sacas, e a receita, de R$ 197 milhões.
O pedido de recuperação judicial ocorre após tentativa frustrada de renegociação com os credores. Do total de sua dívida, 60% está concentrada com bancos, como Bradesco e Banco do Brasil. Metade da dívida total do grupo é com credores que possuem garantia real.
A recuperação é coordenada pela Quist Investimentos e pelo escritório DASA Advogados. O grupo, que também produz soja, milho e arroz, afirmou também que, apesar das dívidas, a operação segue normalmente, e que está em conversas com investidores para acelerar “o maior projeto de reestruturação da sua história”.