Com isso, empresa em recuperação judicial espera obter R$ 1,4 bilhão
A Seara Agroindustrial, trading de grãos de Sertanópolis (PR), pretende obter R$ 1,4 bilhão com a venda de quatro terminais de transporte em leilão que deverá ser realizado entre maio e junho. Caso o montante projetado seja alcançado, será suficiente para cobrir 60% da dívida do grupo incluída na recuperação judicial (R$ 2,3 bilhões) – a dívida total chega a cerca de R$ 2,7 bilhões.
A trading, que não tem relação com a empresa controlada pela JBS, pediu recuperação judicial em 2017 e teve seu plano aprovado pelos credores em fevereiro de 2018. Em dezembro, a 18ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná manteve o plano do grupo, com alterações, após julgar diversos agravos de instrumento que questionavam a decisão que homologou a recuperação.
Um dos agravos julgados era de autoria da Bunge Alimentos, que tem R$ 58 milhões a receber e questionou a validade do voto da maior credora, a CHS – que tem R$ 702,2 milhões a receber -, alegando que haveria um “conluio”, para que a cooperativa americana obtivesse vantagens na recuperação judicial. Assim, pediu que o voto da cooperativa na assembleia em favor da aprovação da recuperação fosse anulado. Segundo a decisão de dezembro, porém, “inexistem provas definitivas de que a credora CHS tenha agido em conluio com as recuperandas.”
Entre as alterações aprovadas por decisão da Justiça está a possibilidade de que credores que não aprovaram o plano de recuperação da trading possam dar lances no leilão de unidades usando seus créditos. O plano original vetava essa opção.
O plano também previa o pagamento de credores das classes 1,3 e 4 – trabalhista, quirografários e micro e pequenas empresas – de até R$ 15 mil em parcela única em até 90 dias. A cláusula foi anulada, e esses credores receberão com deságio de 70% e em 18 anos, como os demais.
“Vamos recorrer no STJ para que o plano volte ao texto original. Ainda assim, são pequenos pontos diante do todo”, disse Assione Santos, sócio da A Santos Advogados, que representa a trading. “O importante é que poderá ser feito o leilão das unidades para que o plano seja executado”, afirmou ele.
Segundo ele, os terminais de transporte em Maringá, Londrina, Itiquira e Paranaguá – atualmente utilizados pela Rumo – serão transformados em Unidades Produtivas Isoladas (UPI) para serem leiloados sem que a dívida da trading seja assumida pelos compradores.
Alguns credores de classe dois – com garantia real – poderão usar seus créditos para dar lance, como CHS, Amerra, Bunge, Citibank, Banco do Brasil, Caixa e os bancos de CNH, John Deere e Caterpillar.
Fonte: Valor Econômico