Em duas iniciativas conjuntas, empresa reduziu endividamento em R$ 1 bi e passivo cai para R$ 1,3 bi
A Renova Energia deu mais um passo para deixar a recuperação judicial para trás, com duas iniciativas conjuntas que reduziram o endividamento da empresa em R$ 1 bilhão. A empresa concluiu a venda de 100% de participação no Complexo Hidrelétrico Serra da Prata (Espra), antiga Enerbrás, para a Vinci Partners por R$ 265,8 milhões, ao mesmo tempo que a Angra Partners confirmou a conversão de passivo de R$ 770 milhões em ações na companhia, tornando-se acionista majoritária.
O dinheiro da venda da Esbra, que reúne três pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) localizadas na Bahia e que somam 41,8 megawatts (MW), será destinado à quitação de uma dívida de R$ 228,1 milhões com o BTG Pactual, como parte do cumprimento do acordo com credores.
Assim, a Renova Energia fica com um perfil de endividamento que pode permitir concluir o processo de recuperação judicial, previsto para ocorrer no fim deste ano, e iniciar novo processo de crescimento, a partir de seu único ativo operacional, o complexo eólico Alto Sertão III, com 432,7 megawatts (MW) de capacidade instalada.
De acordo com o presidente da Renova Energia, Daniel Gallo, com as duas operações, a companhia passa a ter passivo de R$ 1,3 bilhão, montante compatível com a geração de caixa que a empresa terá com a eólica – que atualmente possui 196,8 MW em operação comercial e deve iniciar a geração de mais 94,5 MW até o fim de julho. Assim, Alto Sertão III deve ter pouco mais de dois terços do empreendimento gerando eletricidade.
“Estamos pavimentando nossa solvência e a estratégia do plano de recuperação judicial aprovado. As duas operações consolidam o compromisso de finalizar o processo”, disse Gallo, que assumiu a gestão da Renova Energia há uma semana.
Ele conta que a empresa está estruturando seu planejamento estratégico, que será colocado em prática depois que a empresa superar a recuperação judicial. Além de Alto Sertão III, a Renova Energia possui um portfólio de projetos solares e eólicos que somam 6,5 GW de potência.
Esses projetos podem ter negociação da energia em leilões regulados ou no mercado livre – onde o consumidor pode escolher o fornecedor da energia – e mesmo por meio de “alianças estratégicas”. Sem poder revelar detalhes, devido a acordos de confidencialidade, Gallo contou que a Renova tem sido procurada por empresas interessadas em realizar parcerias.
Fundada em 2001 por Ricardo Delneri e Renato Amaral Figueiredo, a Renova Energia teve o controle vendido para a Cemig e a Light em 2011, quando começou a escalada no segmento de energias renováveis, com a formação de um grande portfólio de projetos eólicos e solares, negociação de energia em leilões e a aquisição, em 2014, de 51% da Brasil PCH, empresa que detinha outorgas de 13 PCHs e vendida em 2021.
Também no ano de 2014, a empresa anunciou uma parceria com a SunEdison e a TerraForm Global, que previa aquisição de parte da empresa brasileira, mas a transação foi desfeita por dificuldades financeiras das empresas americanas.
Desde então, a empresa veio buscando se manter em pé, negociando ativos, entre os quais o próprio complexo eólico Alto Sertão III, para a AES Tietê (atual AES Brasil), mas a transação não prosperou. Em 2019, ela pediu recuperação judicial, cujo processo foi aprovado no ano seguinte, envolvendo débitos que totalizavam R$ 3,1 bilhões.
Fonte: Valor Econômico