Por Silvia Rosa
SÃO PAULO – A Queiroz Galvão Óleo e Gás (QGOP) Constellation, que mudou o nome para Constellation Oil Services Holding, tenta uma negociação com os credores para reestruturar a dívida da empresa dentro de um processo de recuperação extrajudicial. Isso depende, no entanto, de um acordo com os detentores dos bônus, que têm dificultado essa saída para a empresa. Se não chegar a um entendimento com esses investidores, o processo deverá caminhar para uma recuperação judicial.
A solução deve sair nos próximos dias, já que em 10 de dezembro vence o período de carência para o pagamento de US$ 27 milhões em juros dos bônus com vencimento em 2024 e também de US$ 3 milhões em juros dos papéis para 2019, que deveriam ter sido pagos em 9 de novembro. Segundo o Valor apurou, a companhia não tem caixa para esse pagamento, por isso a necessidade de renegociar a dívida com os credores.
Para a recuperação extrajudicial acontecer, é preciso a aprovação de pelo menos 60% dos credores, o que a companhia ainda não conseguiu.
A empresa, prestadora de serviços de perfuração de poços terrestres e marítimos e de operações de plataformas controlada pela família Queiroz Galvão, tinha uma dívida de US$ 1,7 bilhão, sendo cerca de US$ 700 milhões em bônus emitidos no exterior. Do total da dívida, US$ 637 milhões são de curto prazo e a maior parte era referente a linhas bancárias para financiamento de projetos.
Neste ano, a companhia já tinha pago com atraso, após o período de carência, os juros dos bônus para 2019 e 2024, que tiveram o rating rebaixado pela Fitch para “RD”, que indica “default restrito”. Em junho, o total dessas emissões no mercado era de US$ 96 milhões e US$ 595 milhões, respectivamente.
Desses papéis, apenas o vencimento para 2024 tinha como garantia as plataformas Olinda Star, Gold Star e Lone Star. Os credores bancários também contam com garantias. A dificuldade na negociação estava na resistência dos detentores dos bônus em aceitar o compartilhamento de garantias dadas nesses papéis com os demais credores.
A companhia tem usado o período de 30 dias de carência para fazer os pagamento das obrigações referentes a esses papéis na tentativa de conseguir uma renegociação da dívida com os credores bancários e os detentores dos bônus.
No momento, estão sendo discutidas as garantias que poderiam ser oferecidas para os credores aceitarem estender a dívida, além da ordem dos credores com preferência no recebimento dos pagamentos.
Enquanto não consegue chegar a um acordo de reestruturação da dívida, a companhia vem buscando rolar os pagamentos de curto prazo.
No início de novembro, a empresa informou que sua subsidiária Constellation Overseas estendeu o vencimento da linha de US$ 150 milhões de capital de giro com o Bradesco, que vence nesta quinta. A companhia ainda prorrogou para a mesma data o crédito relativo ao financiamento do navio sonda Amaralina Star com um grupo de bancos.
Em relatório de junho, a Fitch destacou a dificuldade da empresa de recontratar suas plataformas de perfuração, cujos contratos com a Petrobras expiram em 2018. Neste ano a empresa conseguiu fechar apenas um novo contrato. Isso provocou um descasamento de receitas com os vencimentos das dívidas, por isso, a empresa precisa reestruturar os débitos para ter uma folga no caixa.
Procurada, a empresa não quis comentar a negociação.
Fonte: Valor Econômico