A PDG Realty apresentou no fim da noite desta terça-feira 38 planos de recuperação judicial, com débitos totais de R$ 7,3 bilhões, dos quais R$ 5,75 bilhões são passíveis de reestruturação e R$ 1,55 bilhão se refere à dívida extra-concursal. O plano principal inclui a controladora e a maior parte das 512 sociedades de propósito específico (SPEs) que fazem parte da recuperação. Cada um dos 37 planos individuais destina-se a um dos empreendimentos com patrimônio de afetação.
A recuperação abrange 27 mil credores — bancos com e sem garantia, fornecedores, credores de passivos trabalhistas e clientes da incorporadora –, inclui todos os ativos da PDG — unidades prontas e em construção, além de terrenos — e contará também com recursos da venda de lançamentos futuros.
Os passivos com credores trabalhistas, da classe I, serão pagos em até 12 meses a partir da venda de ativos atuais e futuros. No plano principal, as dívidas de passivos trabalhistas somam R$ 36 milhões e, nos planos individuais dos projetos com afetação, R$ 2 milhões.
Para a classe II, de credores com garantia real — vinculada ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH) — o formato proposto pela PDG é de recebimento de 46% vinculado ao projeto e 54% convertido, proporcionalmente, em uma fatia de debênture de longo prazo a ser emitida. Banco do Brasil (BB), Bradesco, Caixa Econômica Federal (CEF) e Itaú Unibanco são credores dessa classe.
Valores futuros excedentes dos projetos e de novos lançamentos também serão direcionados para o pagamento da parcela conversível da dívida dos credores com garantia. No plano principal, os passivos com a classe II chegam a R$ 700 milhões e, nos planos dos empreendimentos afetados, alcançam R$ 380 milhões.
A classe III, de credores sem garantia, os chamados quirografários, é composta por bancos, fornecedores e clientes. No plano principal, a PDG oferece a esses credores uma das três opções: recebimento, em caixa, de até R$ 25 mil, títulos de outra debênture a ser emitida ou conversão da dívida em ações da companhia. O tamanho do aumento de capital dependerá da adesão à modalidade. Nos planos dos projetos com afetação, a diferença é o teto do valor a ser pago em caixa, que varia por empreendimento.
Os débitos com a classe III somam R$ 4,3 bilhões, no plano consolidado, e R$ 260 milhões nos projetos com afetação.
Clientes de projetos dos quais a PDG não conseguir terminar a obra receberão o crédito integral por meio de parcelas. A maior parte dos empreendimentos em obras tem patrimônio afetado.
Atualmente, a incorporadora tem 14 obras interrompidas e três em curso (duas delas com habite-se).
A classe IV, de pequenas e médias empresas, principalmente fornecedores, tem a opção de receber até R$ 10 mil em caixa, parcela proporcional ao crédito na mesma debênture dos credores sem garantia ou conversão da dívida em capital. Há débitos de R$ 50 milhões com essa classe, no plano consolidado, e de R$ 40 milhões nos projetos com patrimônio de afetação.
A dívida extraconcursal abrange R$ 1,15 bilhão, no plano consolidado, e R$ 400 milhões nos empreendimentos com afetação.
A PDG está avaliando quais terrenos são viáveis para lançamentos e quais interessa vender. A empresa mira o prazo de um ano e meio para voltar a lançar projetos, mas ainda não definiu a faixa de renda e os mercados de atuação. É possível que o Valor Geral de Vendas (VGV) dos lançamentos alcance R$ 300 milhões em 2019 e, a partir daí, chegue a R$ 500 milhões, patamar bem distante dos R$ 9 bilhões de 2011, ano que marcou o auge do setor.
Há dois anos, os esforços da PDG estão concentrados na renegociação de passivos, na venda de estoques e no corte de custos. Desde 2012, o número de colaboradores da companhia foi reduzido em 94%. No fim de março, a incorporadora tinha dívida bruta de R$ 5,308 bilhões.