Gestores da Imcopa chegaram a ser afastados pela Justiça do comando da companhia
A Divisão Estadual de Combate à Corrupção (DECCOR) do Paraná, deflagrou na manhã desta quinta-feira (7) uma operação que apura condutas ilícitas da gestão do grupo Imcopa, que atua na industrialização de soja e está em recuperação judicial desde 2013 com uma dívida estimada em R$ 3 bilhões. A ação conta com o apoio da Polícia Civil de São Paulo.
Esta é a segunda fase da Operação Cortina de Fumaça, que tem o objetivo de cumprir dez mandados de busca e apreensão em diferentes cidades do Paraná e de São Paulo.
Os investigadores teriam constatado uma fraude na administração do grupo empresarial. Segundo a polícia, o Grupo Imcopa está sendo comandado por gestores que diferem dos que figuram como diretores perante o Juízo da Recuperação Judicial.
Conforme a investigação, que é acompanhada pelo Ministério Público, os atuais diretores da Imcopa, Fernando Lauria e Mauro Piacentini, seriam “laranjas” colocados na administração da empresa para ocultar a atuação de Renato Mazzuchelli e Ruy del Gaiso, agentes do mercado financeiro. Os dois são apontados como responsáveis por diversas fraudes e considerados estelionatários pela polícia.
Ruy e Renato, segundo a investigação, comandam a gestora de investimentos R2C, com sede em Pinheiros, bairro da zona oeste da capital paulista, onde há cumprimento de mandado de busca e apreensão. Os investigadores apontam que a R2C detém o controle da empresa Nuevo Plan5, indicada no processo de recuperação judicial para controlar a Imcopa.
A investigação diz ainda que pelo menos R$ 135 milhões teriam sidos desviados dos cofres da Imcopa para contas pertencentes a empresas de Ruy e Renato.
A CNN tenta um posicionamento das partes do processo. Em nota, a Imcopa diz que “todas as empresas citadas e pessoas envolvidas no episódio sempre estiveram e permanecem à disposição da Justiça, com a qual vão colaborar para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários”.
Nota – Imcopa
Sobre a operação policial da Polícia Civil do Paraná ocorrida na manhã de hoje envolvendo a Imcopa e a gestora R2C Investimentos, cabe esclarecer que existe um litígio de natureza empresarial que contrapõe as empresas e o empresário Walter Faria, dono do Grupo Petrópolis, desde 2018. A movimentação policial de hoje é uma clara estratégia de intimidação, que será respondida pelos meios legais assim que as equipes jurídicas das empresas envolvidas tiverem acesso aos autos da investigação.
Em Recuperação Judicial, a Imcopa é administrada por diretores indicados pela sua controladora e a empresa é auditada pela Baker Tilly. Não existe nenhuma irregularidade fiscal envolvendo a empresa ou a R2C Investimentos, seus sócios ou gestores. Quanto aos R$ 135 milhões que teriam sido “desviados” do caixa da Imcopa, os valores se referem a pagamentos a credores, no âmbito da RJ em curso, que, vale ressaltar, está sob auditoria.
Todas as empresas citadas e pessoas envolvidas no episódio sempre estiveram e permanecem à disposição da Justiça, com a qual vão colaborar para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.
Histórico de disputa judicial
Há mais de uma década, duas fábricas sediadas no Paraná pertencentes ao grupo Imcopa foram arrendadas ao empresário Walter Faria, dono do Grupo Petrópolis, que atua no ramo cervejeiro e produz a cerveja Itaipava.
A gestora R2C teria captado dinheiro de bancos e de Faria para comprar créditos da Imcopa. O empresário cervejeiro acusa Ruy e Renato de golpe.
No mês passado, a Justiça chegou a afastar a diretoria da Imcopa em ação movida por Faria, vítima das fraudes apuradas na operação de hoje. Dias depois, uma decisão do Tribunal de Justiça do Paraná reconduziu a Nuevo Plan5 ao controle da companhia.
Em nota, a Cervejaria Petrópolis diz que “a operação confirma tudo o que Grupo Petrópolis vem afirmando em diversas manifestações apresentadas em diferentes processos judiciais há pelo menos 2 anos”
Nota — Cervejaria Petrópolis
A respeito da operação “Cortina de Fumaça”, deflagrada na manhã de hoje, a Cervejaria Petrópolis S.A. tem a declarar o que segue:
A operação confirma tudo o que Grupo Petrópolis vem afirmando em diversas manifestações apresentadas em diferentes processos judiciais há pelo menos 2 anos, nas quais foi demonstrada a prática de um golpe multimilionário por Ruy del Gayso e Renato Mazzuchelli. Existe uma associação criminosa entre as pessoas investigadas pela operação com o propósito de obter vantagens de forma ilícita, em prejuízo aos credores da Imcopa e Fisco. O Grupo Petrópolis reafirma sua confiança nas autoridades envolvidas na referida operação, em especial no Poder Judiciário do Estado do Paraná.
Fonte: CNN Brasil