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JUSTIÇA ACEITA PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL DA LIVRARIA CULTURA

Por Beth Koike

A Justiça aceitou nesta quinta-feira (25) o pedido de recuperação judicial da Livraria Cultura. A rede de livrarias tem uma dívida total de R$ 285 milhões, incluindo débitos vencidos e a vencer. Desse total, R$ 180 milhões são passivos com fornecedores diretos como editoras de livros e R$ 105 milhões são débitos bancários, de aluguel e com outros fornecedores.

O pedido de recuperação judicial foi feito na quarta-feira à 2ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo. O plano de recuperação está em fase de elaboração e deverá ser apresentado em até 60 dias.

Segundo a consultoria Heartman House, contratada para fazer a reestruturação da Cultura, o pedido de recuperação judicial foi feito para congelar o endividamento, principalmente, junto aos bancos e evitar mais protestos e pedidos de falência. O custo da reestruturação, que inclui o processo de fechamento de lojas e demissões já feito e outras ações, é calculado em R$ 60 milhões. Este valor entrou na recuperação judicial.

Segundo Fabiana Solano, advogada e sócia do Felsberg Advogados, além do pedido de recuperação judicial, foi solicitado à Justiça que recebíveis de cartão de crédito sejam liberados para a Cultura. Atualmente, esses recebíveis representam cerca de 70% da receita da rede de livrarias e estão nas mãos de bancos credores.

O juiz Paulo Furtado, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo, que aceitou o pedido de recuperação judicial da Cultura, deverá avaliar se libera ou não os recebíveis. Para isso, o administrador judicial do caso precisa fazer um parecer. A consultoria Alvarez & Marsal poderá assumir esse posto, mas ontem à noite seu nome ainda não estava confirmado.

A Cultura tem onze processos abertos neste ano no Tribunal de Justiça de São Paulo por fornecedores. Eles pedem a execução de títulos vencidos e não pagos. O valor total das ações é de R$ 1,76 milhão, segundo levantamento do Valor.

Entre os requerentes estão editoras de livros como a Editora Brasil, fornecedores como a Snd Distribuição de Produtos de Informática, e empresas de brinquedos, como a Meeple Br Jogos de Tabuleiro.

A Cultura ainda tem dois pedidos de despejo de proprietários de pontos que a empresa ocupa, em São Paulo, sendo um deles no Fórum da Lapa, zona oeste da cidade, no valor de R$ 1,5 milhão. Neste caso, quem entrou com o processo foi a Christaltur Empreendimentos e Participações. A empresa não informa qual o ponto que é o foco da ação. A Christaltur tem entre seus empreendimentos lojas em shoppings em São Paulo. O outro pedido de despejo, na capital paulista, soma R$ 50 mil.

O mercado de livros fechou o primeiro semestre com aumento de 9,97% no faturamento, em relação a igual período de 2017. O volume de vendas subiu 5,24%, segundo o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel). Concorrente da Cultura, a Saraiva teve aumento de 7% nas vendas líquidas de janeiro a junho, mas o prejuízo subiu de 122%, a R$ 36,3 milhões.

A Cultura conta com 15 livrarias no país. Nos últimos seis meses, fechou 13, sendo 11 da Fnac. Esta rede francesa saiu do país em meados de 2017 e pagou 36 milhões de euros à Cultura, que ficou com a operação. A Fnac não tem mais lojas no Brasil. Além de livros, a Cultura pretende ofertar nas lojas físicas e na plataforma online produtos inovadores, ainda não vendidos no Brasil. Também pretende manter serviços como cafés e restaurantes.

Fonte: Valor Econômico

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