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J.C. PENNEY LUTA PARA NÃO PEDIR RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Por Dow Jones Newswires

As vendas da varejista americana J.C. Penney estão caindo, suas lojas em shopping centers estão estagnadas e o processo de reestruturação é constantemente alterado. Agora, três meses após a empresa contratar um novo diretor-presidente, diversas posições importantes continuam vagas.

A série de eventos está levando analistas e especialistas da indústria de varejo a questionar se a J.C. Penney será capaz de evitar o destino da colega Sears, que entrou com um pedido de recuperação judicial e quase foi liquidada.

“A Penney possui um modelo de negócios ultrapassado”, diz o diretor de estudos de varejo da Faculdade de Administração da Universidade de Columbia, Mark Cohen. “Eles devem enfrentar um 2019 cheio de problemas. São os erros do passado retornando.”

A companhia, baseada no Texas, já foi um dos principais locais de consumo da classe média americana. Ela e a Sears dominaram por anos o varejo do país, mas passaram a perder clientes, primeiro para lojas como Walmart, depois para varejistas das chamadas “fast-fashion”, modelo de produção e colocação de roupas nas lojas acelerada, e lojas de desconto. A mudança no padrão de consumo, de lojas físicas para sites de internet, acelerou ainda mais a queda.

O fortalecimento da economia dos Estados Unidos deixou ainda mais evidentes os problemas da J.C. Penney. Ela reduziu a oferta de descontos e marcas, concentrando as atividades em venda de eletrodomésticos ao invés de vestuário. No momento em que os consumidores aumentaram seus gastos, a empresa registrou queda de 3,5% nas vendas durante o período de festas de fim de ano e anunciou o fechamento de mais lojas.

Na semana passada, a agência de classificação de riscos Fitch Ratings rebaixou a nota da dívida para o último patamar antes de ser avaliada como ativo de risco elevado. As ações da J.C. Penney, que valiam em torno de US$ 60,00 antes da crise econômica de 2008, valem pouco mais de US$1,00 atualmente.

A nova diretora-presidente da J.C. Penney, Jill Soltau, assumiu o cargo no final do ano passado após seu antecessor, Marvin Ellison, sair de forma abrupta para ser diretor-presidente e presidente do conselho de administração da Lowe’s, rede de lojas americanas de material de construção. Na semana passada, a empresa informou que não conseguiu contratar pessoas para ocuparem cargos na diretoria, como diretor de relações com o consumidor e diretor de planejamento e alocação.

“Existem incertezas a respeito da estratégia da companhia, dadas as mudanças nas principais posições [executivas]”, afirma a diretora-geral da Fitch, Monica Aggarwal. “Precisamos de mais clareza sobre como eles pensam em se posicionar.”

Durante teleconferência com analistas em novembro, Soltau afirmou que ainda está elaborando sua estratégia para a companhia. Na semana passada, a J.C. Penney anunciou a contratação da consultoria McKinsey & Co. para desenvolver e implementar mudanças estratégicas na empresa.

Não está claro se Soltau manterá o plano de voltar a vender eletrodomésticos, colocado em prática por seu antecessor. A J.C. Penney parou de vender estes produtos em 1983, voltando em 2016, para ocupar o espaço aberto pela Sears, que enfrentava dificuldades. Embora analistas afirmem que a estratégia tem apresentado relativo sucesso, a maior parte da receita é oriunda de vestuário, área deixada de lado pela administração.

Outro problema enfrentado pela J.C. Penney é a dívida de US$ 4,3 bilhões, cuja maior parte do montante foi formada pela estratégia fracassada do ex-diretor-presidente e ex-executivo da Apple Ron Johnson, de reduzir os descontos de produtos e a presença de marcas populares.

Fonte: Valor Econômico

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