Ações da Inepar fecharam hoje com salto de 34% (PN) e 32,1% (ON), cotadas a R$ 1,58 e R$ 1,77, respectivamente, após o anúncio do fim do processo de recuperação judicial
As ações da Inepar fecharam esta quinta-feira (17) com salto de 34% (PN) e 32,1% (ON), cotadas a R$ 1,58 e R$ 1,77, respectivamente, entre as maiores altas do mercado, após a companhia anunciar que foi decretado o fim do processo de recuperação judicial na 1º vara de falências e recuperações judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
A companhia do setor de infraestrutura enfrentava recuperação judicial desde 2014, após a Petrobras romper um contrato de R$ 1,3 bilhão com uma de suas subsidiárias em meio à Operação Lava-Jato.
Na sentença divulgada hoje, o juiz Leonardo Fernandes dos Santos, que decretou o fim do processo, escreve que houve o adequado cumprimento das obrigações previstas no processo de recuperação judicial, que venceram durante o biênio de fiscalização. Ele acrescenta que o encerramento do processo “não exime a recuperanda de cumprir o plano”, mas afasta a supervisão judicial.
No pregão, as ações preferenciais registraram volume financeiro de R$ 9,6 milhões, pouco mais de cinco vezes o valor da véspera, enquanto as ações ordinárias atingiram volume de R$ 15,1 milhões, quase quatro vezes o registrado na sessão anterior.
Para o economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti, o fim do processo de recuperação judicial mostra que a empresa “vem fazendo o dever de casa”, mas não significa que o problema esteja solucionado.
“Vimos hoje uma animação em cima da notícia, mas não quer dizer que o movimento vá se sustentar”, avalia Bertortti. “É uma empresa que tem dívidas altas e que atua em um cenário desafiador e competitivo, ainda impactado pelos juros altos e pelo atual cenário macro conturbado”. Ele diz ainda que agora a empresa começa a ser observada em termos de fundamentos, como endividamento e geração de caixa.
Na avaliação do head de análise fundamentalista da Benndorf Research, Niels Tahara, o fim da recuperação melhora a percepção de mercado, assim como a competitividade da companhia para concorrer a novos contratos e em licitações maiores.
“Na prática, a companhia inicia uma nova fase, mas com ativos que possuem valor e, se rentabilizados de forma correta, podem trazer retornos”, afirma Tahara. “Os riscos ainda são altos, uma vez que a companhia precisa voltar a gerar receita operacional relevante, mas a um preço que pode ser interessante pelos ativos que possui”.
No terceiro trimestre deste ano, a Inepar registrou prejuízo líquido de R$ 63,4 milhões, revertendo lucro de R$ 701 mil de um ano antes. As receitas somaram R$ 2,07 milhões entre julho e setembro, queda de 18,8% sobre o mesmo período de 2021.
De acordo com a companhia, o prejuízo reflete as correções dos seus passivos financeiros, totalizando R$ 168 milhões, principalmente a dívida com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Fonte: Valor Econômico