Por Luiz Henrique Mendes
Os credores do grupo GTFoods, indústria de carne de frango com operações no Paraná e em Santa Catarina, aprovaram ontem o plano de recuperação judicial da companhia. Com dívidas de R$ 950 milhões e vendas anuais de R$ 1,8 bilhão, a empresa pediu recuperação judicial em agosto de 2016, pressionada, sobretudo, pela disparada dos preços do milho, principal insumo da ração.
Da dívida total, cerca de R$ 750 milhões foi repactuado com a aprovação do plano de recuperação, que precisa ser homologado pela Justiça. O restante diz respeito a dívidas da GTFoods com bancos que têm alienação fiduciária. A renegociação desse passivo ocorre paralelamente, e ainda não foi finalizada.
Na estruturação do plano de recuperação judicial, a GTFoods teve a assessoria financeira da Pantalica Partners e a assessoria jurídica do escritório Federiche Mincache Advocacia Empresarial.
Pelos termos do plano de recuperação aprovado, os credores quirografários (sem garantias) receberão o montante de R$ 440 milhões – acrescidos da Taxa Referencial (TR) – em até 18 anos. Na assembleia, 96% dos quirografários presentes aprovaram o plano. Esses credores equivaliam a 67,7% do valor devido a essa classe de credor.
Dentro dessa classe, os que têm créditos inferiores a R$ 2 mil receberão à vista, em até 10 dias úteis da homologação. Por sua vez, o credores de valores até R$ 10 mil receberão em 12 parcelas mensais, sem carência. Os detentores de valores superiores a R$ 10 mil receberão após três anos de carência do principal e dos juros, sendo 60% do total em 156 parcelas e 40% em 24 parcelas mensais.
Entre os quirografários, os fornecedores estratégicos terão condições especiais para receber os débitos. Tanto os fornecedores de milho, soja e farelo de soja quanto os produtores de frango – os integrados – serão pagos em 12 parcelas mensais.
No caso dos credores com garantia real, que têm R$ 241 milhões a receber, os débitos serão pagos em 11 anos. Após dois anos de carência, a GTFoods pagará os credores em 108 parcelas mensais, sendo 18% nas primeiras 36 parcelas, 33% em 36 parcelas, 30% em 24 parcelas, e 19% nas últimas 12 parcelas. Ontem, 51,1% dos credores presentes na assembleia aprovaram o plano. A taxa de juros das dívidas com garantia real em moeda brasileira será de 7,2% ao ano, e do passivo em dólar será de Libor mais 2% ao ano.
Entre os credores trabalhistas, a aprovação foi de 100%. A dívida de R$ 2,3 milhões da GTFoods com os trabalhadores será paga em um ano.