Por Cibelle Bouças
SÃO PAULO – Os credores da Indigo Jeans, fabricante catarinense de peças de vestuário em jeans, que tem como principal cliente a Lojas Renner, aprovaram a proposta da companhia de recuperação judicial. O pedido foi feito no Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina – Comarca de Criciúma, mas o plano de recuperação ainda não foi homologado na Justiça. A informação é de Luis Alberto Paiva, sócio da Corporate Consulting, empresa responsável pela reestruturação da Indigo Jeans e que está à frente dos negócios.
A empresa tem uma dívida total de R$ 17,6 milhões. A renegociação foi dividida em quatro categorias: obrigações com garantia real que somam R$ 11 milhões; dívidas quirografárias (sem garantia real) de R$ 4,3 milhões; compromissos trabalhistas no total de R$ 1,3 milhão e dívidas com micro, pequenas e médias empresas de R$ 800 mil. A Indigo Jeans tem ainda créditos não sujeitos à recuperação judicial no total de R$ 1,2 milhão, incluindo impostos.
O plano aprovado prevê o pagamento dos passivos trabalhistas em até 12 meses após a homologação do plano na Justiça. No caso dos credores com garantia real, a Indigo Jeans negociou um deságio de 30% no valor da dívida e pagamento em oito anos. Entre os principais credores com garantia real estão o Itaú, Banco do Brasil, Santander, Vicunha e Santista Têxtil. Com os credores quirografários, a empresa negociou um deságio de 35% no valor da dívida, com pagamento em 14 anos. No caso dos credores micro, pequenas e médias empresas, a Indigo Jeans pagará a dívida em oito anos, com 35% de deságio no valor.
Paiva disse que a Indigo Jeans chegou a operar com 4 fábricas em Criciúma, 450 funcionários e receita anual de R$ 90 milhões antes do período de recessão econômica. A empresa produzia jeans para redes varejistas e também vendia sua própria marca, Indigo Jeans. Em 2015, antes do pedido de recuperação judicial, a empresa gerou receita de R$ 70 milhões. “A empresa tinha uma receita alta, mas operava com prejuízo. Hoje, a Indigo Jeans conseguiu equilibrar as finanças e trabalha com margem de lucro operacional positiva”, afirmou Paiva.
Desde 2016, a empresa passa por uma reestruturação para reduzir perdas. Paiva disse que reduziu a operação de quatro para duas fábricas e diminuiu o número de funcionários de 450 para 180. A Indigo Jeans também deixou de fabricar a marca própria e agora produz apenas para terceiros. Entre os principais clientes estão a Lojas Renner, a Malwee e a Planet Girls.
“Com a recessão, muitos pequenos e médios varejistas fecharam as portas, e eles eram grandes consumidores da marca própria. A melhor opção encontrada para a companhia foi enxugar a operação e se concentrar na demanda das grandes redes varejistas, que continuaram crescendo durante a crise”, disse Paiva. O executivo acrescentou que espera para a Indigo Jeans neste ano uma receita de R$ 50 milhões, com avanço para R$ 80 milhões em 2018. “Com a margem de lucro obtida com as novas vendas a empresa vai pagar as suas dívidas”, afirmou Paiva.
A Indigo Jeans também pretende vender alguns ativos, incluindo equipamentos e o prédio da sede da companhia, localizada em Criciúma.