Empresa é a segunda maior aérea do país e emprega mais de 10 mil pessoas
A companhia aérea Virgin Australia entrou com pedido de recuperação judicial hoje, depois dos parlamentares australianos negarem socorro financeiro à empresa, que sentiu o impacto da pandemia do coronavírus. A Virgin Australia é a segundo maior companhia aérea do país.
Os parlamentares entenderam que a ajuda financeira poderia representar uma espécie de fiança para as companhias estrangeiras que juntas possuem 90% das ações da Virgin Australia. Entre os investidores estrangeiros, estão a Etihad Airways, a Singapore Airlines, o conglomerado chinês HNA Group e o grupo Virgin, do empresário britânico Richard Branson.
O impasse ilustra o desafio enfrentado pelos governos à medida que as solicitações de ajuda financeira da indústria da aviação aumentam. O prejuízo da Virgin Australia, se um comprador não puder ser encontrado, pode levar a milhares de perdas de empregos e criaria quase um monopólio local para a Qantas Airways.
No entanto, o governo australiano é contrário ao uso de dinheiro dos contribuintes para sustentar negócios que são de propriedade estrangeira.
A Virgin Australia emprega mais de 10 mil pessoas e, até a suspensão de boa parte dos voos por causa da pandemia do novo coronavírus, voava para destinos como Estados Unidos, Indonésia e Nova Zelândia.
Porta-vozes da companhia aérea disseram que esperam recapitalizar os negócios e emergir em uma posição financeira mais forte, e continuarão a operar voos programados para ajudar a transportar trabalhadores essenciais, manter corredores de carga e retornar os australianos para casa.
A quebra da Virgin Australia mostra a rapidez com que uma companhia aérea pode gastar dinheiro quando seus aviões são parados. Há cerca de seis meses, a operadora captou mais de US$ 600 milhões nos mercados de títulos de dívida. No final de março, no entanto, a companhia aérea disse que precisava de um socorro de US$ 863 milhões do governo para sobreviver.
A Etihad disse que trabalhou em estreita colaboração com a Virgin Australia e outras partes interessadas para evitar a recuperação judicial, mas que não poderia fornecer apoio financeiro adicional devido ao impacto da pandemia em seus próprios negócios. A Singapore Airlines e a HNA se recusaram a comentar. Outro acionista, o Nanshan Group, da China, não foi encontrado.
Analistas disseram que a Virgin Australia provavelmente terá êxito no uso do processo de recuperação para reduzir dívidas e reduzir custos, embora possa precisar reduzir seus serviços internacionais e demitir funcionários.
Os cinco grandes investidores estrangeiros, assim como outros acionistas, provavelmente perderão seus investimentos durante a reestruturação, a menos que estejam dispostos a investir mais, disseram analistas. As empresas de aviação em todo o mundo estão enfrentando dificuldades e os acionistas da Virgin Australia precisam economizar dinheiro para suas próprias operações.
O secretário do Tesouro, Josh Frydenberg, afirma que o governo prefere uma solução do mercado e que o objetivo é manter viáveis economicamente duas companhias áreas e evitar monopólio no mercado australiano.
A Virgin Australia já enfrentava dificuldades mesmo antes da pandemia de covid-19. Situação similar foi anunciada pela britânica Flybe no começo de março e nesta semana a norueguesa Nowergian Air anunciou a falência de quatro subsidiárias.
Fonte: Valor Econômico