Por Cibelle Bouças
A Avianca Brasil, em recuperação judicial desde dezembro de 2018, pediu ontem na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo mais prazo para regularizar o pagamento a empresas de arrendamento de aviões e motores, afirmaram fontes próximas à companhia. O Valor apurou que o juiz vai avaliar o pedido e publicar a decisão, sem realização de audiência entre as partes.
No dia 14 de janeiro, a 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo mediou uma audiência de conciliação entre a companhia aérea e empresas de arrendamento. Ficou definida a suspensão das ordens de reintegração de posse de aviões e motores até esta sexta-feira. A Avianca Brasil comprometeu-se a pagar em dia as parcelas que vencem a partir de hoje (dia 1º). A empresa também deveria apresentar propostas para pagar as parcelas já vencidas.
De acordo com pessoas familiarizadas com a situação da companhia, a Avianca Brasil não possui caixa suficiente para pagar os credores hoje e bancar suas despesas operacionais.
Mas, segundo essas fontes, está em vias de fechar um acordo com o fundo americano Elliott Management, para receber uma injeção de aproximadamente R$ 250 milhões. Essa negociação é o argumento para seu pedido de mais prazo à Justiça. A companhia quer tempo para que o acordo seja efetivado e os recursos entrem no caixa, permitindo o pagamento aos arrendadores dos aviões.
De acordo com o pedido de recuperação judicial, a dívida total da Avianca Brasil é de R$ 493,9 milhões. Os analistas do UBS Rogerio Araujo e Alberto Valerio observaram, em relatório divulgado ontem aos seus clientes, que o nível de endividamento da companhia mudaria pouco com os novos recursos do fundo. A dívida líquida da empresa equivale hoje a 11,5 vezes o seu lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e leasing (Ebtidar, na sigla em inglês). Com a injeção de capital, a relação diminuiria para 11 vezes.
A companhia aérea tem parcelas em atraso com oito empresas de arrendamento de aviões e motores e conversou com parte desses credores ao longo do mês de janeiro. De acordo com as fontes, seis empresas ainda avaliam propostas, mas sem previsão de fechar um acordo.
Outras duas empresas, a GE Capital Aviation Services (Gecas) e a Aircastle, não quiseram negociar. Juntas, essas companhias arrendaram 20 aviões para a Avianca Brasil.
Caso a companhia aérea não consiga um novo prazo na Justiça, as empresas podem pedir a retirada imediata dos aviões.
Se tiver que devolver 20 aeronaves, a Avianca Brasil ficará em uma situação difícil. A empresa informou em janeiro que detinha 50 aviões, dos quais 43 estavam em uso. A empresa planeja devolver 12 aeronaves a partir de março, reduzindo a frota para 38 aviões.
A ideia é encerrar, no fim de março, voos para Miami, Nova York e Santiago, diminuindo a quantidade de voos diários de 264 para 243. A devolução de 20 aeronaves representaria um corte de 40% na frota atual da empresa e obrigaria a Avianca Brasil a encerrar outras rotas no Brasil e no exterior.
Ainda de acordo com fontes, a Avianca Brasil pode antecipar para hoje a entrega na Justiça do plano de recuperação judicial, como forma de sinalizar seus esforços em renegociar as dívidas e preservar os ativos. Procurada, a Avianca Brasil não quis comentar o assunto.
Fonte: Valor Econômico